Eu lembro-me dos dias de silêncio. Cresci na antiga Alemanha de leste, onde somente poucas pessoas tinham um telefone em casa. Os vizinhos da minha avó passavam por lá para usar o telefone dela. Eram dias calmos quando as pessoas liam livros no metro e olhavam o mar em contemplação silenciosa.

Hoje, é difícil encontrar uma pessoa no metro sem um telemóvel na mão. A vida mudou-se para o telemóvel e esquecemo-nos de viver no momento.

Antigamente, precisávamos de encher o nosso tempo com pensamentos ou passatempos. Escrever cartas e colecionar selos ainda era relevante. Os telefones novos são muitas coisas ao mesmo tempo: caixa de correio, dicionário, biblioteca, mapa, caixa com brinquedos, aparelhagem, bloco de notas, pombo correio, máquina fotográfica e arquivo. Quem quer carregar isto tudo, todos os dias? Pode tornar-se pesado,  sobretudo psicologicamente.

Na minha opinião, nós esquecemo-nos de como pensar por nós próprios. A próxima geração vai ter problemas de concentração, a ler e compreender textos longos e mesmo a escrever de forma coerente. Eu preferia poder escolher quando usar o telemóvel e não ser obrigada a estar sempre disponível.